Quem já andou pelas ruas da capital amapaense inevitavelmente já encontrou com essa incrível pessoa de presença indiscutivelmente marcante. O nome de nascimento é Roberto César, sexo masculino, mas não foi assim que Barbara Kelly se sentiu confortável em se identificar no decorrer da vida. Sempre muito inteligente, esperto, Roberto logo viu que aquelas roupas, aqueles comportamentos que eram exigidos de um “homem” não encaixavam com aquele turbilhão de sensações e vontades que explodiam dentro de si.
O ainda Roberto César chegou a ingressar num seminário, no qual ficou por três anos, para ser preparado para a vida eclesiástica, monástica e celibatária de padre. Mas não foi ali, entre rezas e batinas, que ele se sentiu completo. “Não dá para ficar aqui, quero sair”, disse o jovem Roberto à sua mãe. O que transformou por completo a sua vida foi a dança. “Tudo que eu gosto de fazer é dançar”, diz a hoje conhecida Barbara Kelly, nome que escolheu para se posicionar no mundo.
Foi através da dança e da arte que a transformação aconteceu em definitivo na vida de Barbara Kelly. No entanto, a vida de Barbara ainda é cheia de percalços devido a falta de respeito que a sua livre e desinibida de expressar-se encontra nas ruas da Macapá. Refletindo a dura realidade de grupos minoritários, como os LGBT, Barbara sofre inúmeras formas de discriminação e preconceito tão somente por ser do jeito que é.
Nesta entrevista exclusiva ao Coluna ON, podemos conhecer um pouco mais da biografia desse fascinante ícone amapaense sob a ótica da sua mais ferrenha defensora e apoiadora, que esteve ao seu lado ao longo de todas fases de sua vida, Dona Marinalva, mãe de Barbara Kelly.